Inflação x deflação: diferenças e impactos nos investimentos

Inflação x deflação” é tema recorrente de análises, colunas, debates e notícias, em especial no Brasil. Há tempos convivemos com manchetes anunciando altos preços e a preocupação das famílias com o aumento do custo de vida – bem como a reação dos políticos e do mercado a esse fenômeno. Mas, afinal, o que é inflação? Qual é a diferença entre inflação x deflação? E como isso pode afetar seus investimentos?

O que é a inflação?

Antes de falar da diferença entre inflação x deflação, vamos descobrir do que se trata a inflação.

A inflação é definida de forma mais técnica como uma elevação generalizada dos preços de uma economia. Ou seja, a variação do nível agregado de preços constitui a inflação. Mas como medi-la? No Brasil, o IBGE faz uma pesquisa (Pesquisa de Orçamentos Familiares, ou POF) para entender o padrão nacional de consumo.

Claro, o padrão de consumo diverge por renda e região, por isso o IBGE cria uma cesta de consumo agregada. Leva-se em conta, desse modo, o peso de cada patamar de renda da população.

Assim, temos o IPCA, uma cesta de consumo médio de famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos. Reparem que, se apenas um preço aumentar – por exemplo, de veículos –, não teremos inflação, e sim uma mudança de preços relativos.

O que causa a inflação?

No âmbito do debate “inflação x deflação”, sabemos que os fatores que geram a inflação são vários. Os economistas se debruçam há décadas sobre as mais diversas explicações para o fenômeno.

É bem aceito que, no longo prazo, a emissão de mais moedas pelos Bancos Centrais consiste na principal razão. No entanto, no curto prazo, existem vários elementos que afetam a inflação:

  • Política monetária (sob controle do Banco Central, o BC).
  • Política fiscal (aumento ou redução de gastos do governo).
  • Inércia (inflação passada contaminando a inflação futura).
  • Expectativas de inflação.
  • Choques de oferta.
  • Fatores externos, como crises ou fortes expansões em outros países.

Em caso de política fiscal expansionista, isto é, aumento de gastos governamentais, muitas vezes temos uma ampliação da demanda agregada. Isso ocasiona o crescimento da procura por bens e serviços e a elevação de seus preços. Políticas fiscais expansionistas tendem a gerar taxas de juros mais elevadas.

Na inércia, a indexação de uma economia – bem como sua memória inflacionária – contribui para que a inflação passada contamine a futura. Os preços passam a ser reajustados quase automaticamente pela inflação anterior.

Já as expectativas de inflação refletem a credibilidade do Banco Central. Se as pessoas acreditam que o BC levará a inflação à meta, elas tendem a buscar reajustes alinhados à meta estabelecida.

Reparem que a perda de credibilidade do BC aumenta a inércia inflacionária. Nesse sentido, um Banco Central independente é uma ferramenta poderosa de ancoragem de expectativas.

Choques de oferta também geram impactos poderosos na inflação. Em casos de choques de oferta positivos, temos uma expansão econômica com inflação e juros baixos. Afinal, a estrutura de custos menores consegue gerar esses efeitos benéficos.

Em caso de choques de oferta negativos, vemos elevação dos preços e queda do PIB, com juros em subida. É o que ocorre em momentos de seca, choque do petróleo, entre outros exemplos possíveis.

Você já ouviu falar de desinflação? Sabe a diferença entre inflação x deflação?

Desinflação

Desinflação consiste na queda do ritmo de aumento de preços. Ou seja, se a inflação estava em 10% ao ano e passa para 5% ao ano, temos uma desinflação. O nível de preços continua a subir, mas em um ritmo inferior. Desinflações normalmente são muito positivas para a performance de ativos de risco e mercados, pois coincidem com períodos de queda de juros.

Inflação x deflação

Entendido o conceito de desinflação, vamos passar para a diferença entre inflação x deflação. Nesse contexto, a deflação é a queda generalizada de preços. Embora seja muito difícil produzir uma deflação, é também algo muito perigoso, pois sair de um cenário deflacionário não é simples.

Se os preços estão caindo, as pessoas postergam o consumo. Dessa forma, a demanda diminui ainda mais, e os preços caem rapidamente, gerando uma espiral deflacionária. Deflação muitas vezes acaba se traduzindo em recessão ou mesmo depressão econômica. Não é positivo para investimentos e para as empresas e seus lucros.

Por isso, a maioria dos economistas converge em um entendimento. Um Banco Central com metas de inflação críveis e relativamente baixas (de 2% a 4% ao ano) é o melhor dos mundos.

Isso vale tanto para a evolução do PIB e das empresas como para a estabilidade dos mercados. Períodos de inflação elevada são desafiadores e levam a um choque de juros altos. Na mesma linha, períodos de deflação podem comprometer a vitalidade da economia.

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