Análise fundamentalista e análise técnica: entenda as diferenças e qual escolher

Análise técnica e análise fundamentalista são as duas principais escolas quando se trata de operar no mercado financeiro. 

A análise técnica utiliza o movimento de preços e volume de negociação de um ativo e usa esses dados para tentar prever movimentos futuros de preços. Já a análise fundamentalista baseia seus estudos em fatores econômicos e financeiros que influenciam um negócio. 

Na hora de escolher entre as duas é necessário entender claramente o seu perfil de investidor. Saiba os prazos de investimento e o tempo disponível para se dedicar às operações. Entre outras perguntas, uma bastante comum é: seria possível combinar análise fundamentalista e análise técnica?

Vamos abordar os detalhes de como essas duas escolas se diferenciam, suas ferramentas e horizonte temporal e como as análises técnica e fundamentalista podem ser usadas em conjunto.

As diferenças entre análise fundamentalista e análise técnica

Ferramentas

Os analistas técnicos (ou grafistas) utilizam os movimentos de preços e volumes passados de um determinado ativo pelo seu gráfico de barras ou candles. Já os analistas fundamentalistas empregam as demonstrações financeiras de uma empresa apresentadas nas temporadas de balanço das companhias. Para companhias listadas em bolsa, esses balanços devem ser divulgados a cada três meses.

Os analistas fundamentalistas tentam determinar o valor considerado “justo” de uma empresa observando sua demonstração de resultados, balanço patrimonial e demonstração de fluxo de caixa. 

Em termos financeiros, um investidor tenta medir o valor intrínseco de uma empresa descontando o valor dos fluxos de caixa futuros projetados para um valor presente líquido. Um preço de ação que é negociado abaixo do valor intrínseco de uma empresa é normalmente considerado uma boa oportunidade de investimento e vice-versa.

Os analistas técnicos geralmente acreditam que não há motivo para analisar as demonstrações financeiras de uma empresa. Para eles, o preço das ações já inclui todas as informações relevantes. Em vez disso, o investidor se concentra em analisar o próprio gráfico de ações em busca de dicas sobre onde o preço vai se movimentar.

Horizonte de tempo

Geralmente a análise fundamentalista adota uma abordagem de investir a longo prazo em comparação com a abordagem de curto prazo adotada pela análise técnica. 

Embora os gráficos de ações possam ser exibidos em semanas, dias ou até minutos, a análise fundamentalista geralmente analisa dados de vários trimestres ou anos. 

Investidores fundamentalistas esperam um bom tempo antes que o valor intrínseco de uma empresa seja refletido no mercado. 

Por exemplo, os investidores de valor (value investors) geralmente pressupõem que o mercado está precificando mal um título no curto prazo, mas também pressupõem que o preço da ação se corrigirá no longo prazo. 

Esse “longo prazo” pode representar um período de tempo de meses até vários anos. O mais famoso investidor deste estilo é Warren Buffett, discípulo da filosofia de Benjamin Graham. 

No Brasil, destaca-se o bilionário Luiz Barsi, conhecido por selecionar empresas que pagam ótimos dividendos. Isso também faz parte de um plano de longo prazo para rentabilizar seus investimentos sob a ótica fundamentalista.

Os investidores que preferem a análise fundamentalista utilizam demonstrações financeiras que são divulgadas trimestralmente. Também analisam mudanças nos lucros por ação, que, obviamente, não variam todo o tempo. 

Afinal, uma empresa não pode implementar mudanças radicais da noite para o dia. Leva tempo para criar novos produtos, campanhas de marketing e outras estratégias para reverter ou melhorar um negócio. 

Parte do motivo pelo qual os analistas fundamentalistas usam o longo prazo, portanto, está nos dados que eles usam para analisar uma ação, que são gerados muito mais lentamente do que os dados de preço e volume usados ​​pelos analistas técnicos.

Trading vs. Investimento

A análise técnica e a análise fundamentalista normalmente têm objetivos diferentes.

Os analistas técnicos muitas vezes tentam identificar negociações de curto a médio prazo que podem movimentar uma ação. Os analistas fundamentalistas geralmente tentam fazer investimentos de longo prazo no negócio subjacente de uma ação. 

Uma boa maneira de conceituar a diferença é compará-la a alguém que está comprando uma casa para revender com alguém que está comprando uma casa para morar.

Análise fundamentalista e análise técnica podem ser utilizadas em conjunto?

A análise técnica e a análise fundamentalista são muitas vezes vistas como abordagens opostas na análise de ativos, mas alguns investidores obtiveram sucesso ao combiná-las. 

Por exemplo, um investidor pode usar a análise fundamentalista para identificar uma ação subvalorizada. Ao mesmo tempo, pode usar a análise técnica para encontrar um ponto de entrada e saída específico para obter melhores ganhos. 

Frequentemente, essa combinação funciona melhor quando um ativo está sobrevendido. Entrar nessa posição muito cedo poderia custar caro. 

Alternativamente, alguns traders analisam os fundamentos para apoiar suas negociações. 

Por exemplo, um trader pode estar de olho em um cenário de volatilidade perto da temporada de balanços e analisar os fundamentos para entender se a ação pode superar os resultados.

Conclusão

A ideia de misturar análises técnicas e fundamentalistas nem sempre é bem recebida pelos grupos mais dedicados de cada escola. Mas, há benefícios em entender e executar ambas as abordagens concomitantemente. 

Tudo depende do perfil do investidor, dedicação aos estudos, disponibilidade de tempo para operar e horizonte de investimento.

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